Em Lagoa Seca, após 48 horas de chuvas ininterruptas, mananciais não resistiram e arrastaram plantações e estradas deixando prejuízos e dezenas de famílias ilhadas. Comunidades de Alvinho, Almeida e Campinote foram as mais prejudicadas.
Com a forte incidência de chuvas que caem na região, pelo menos 16 açudes e pequenas barragens, que já estavam com sua capacidade máxima de armazenamento, não resistiram e acabaram se rompendo. A situação levou destruição e medo para as pessoas, deixando prejuízos para dezenas de agricultores que viram suas plantações serem levadas pela força das águas. Com estradas interditadas, algumas comunidades estão ilhadas e a prefeitura já confirmou a situação de calamidade pública.
Em sua grande maioria, os açudes e barragens que foram afetados são de origem privada, ou seja, estão dentro de propriedades rurais que muitas vezes acabam não sendo monitoradas, com frequência, pelas forças de segurança como Defesa Civil e Agência Executiva de Gestão das Águas da Paraíba (AESA). O primeiro rompimento ocorreu, por volta das 5h de ontem, na comunidade do Almeida I. O açude Antônio Marcolino estourou, provocando um verdadeiro ‘efeito cascata’, atingindo outros mananciais.
Os maiores açudes estavam nas propriedades do ex-prefeito Francisco José de Oliveira Coutinho (Bola) e de ex-vereador Afonso Rodrigues de Melo, que ficam na região do Almeida/Alvinho e foram afetados em sequência, chegando às comunidades da Gruta Funda (Antônio Luiz) e Retiro, onde a força das águas também acabou levando a estrutura do açude público do Retiro, construído pela prefeitura de Lagoa Seca em 1998.
As repetições das tragédias, motivadas pelas chuvas, acabaram afetando a estrutura de uma ponte, existente na altura do km 111,5 da rodovia BR-104, no trecho que liga os municípios de Lagoa Seca e São Sebastião de Lagoa de Roça. A água ultrapassou os limites da estrutura de concreto, danificando o asfalto e arrastando árvores e tudo que passava pela frente. O trecho foi interditado pela Polícia Rodoviária Federal e DNIT. Mesmo assim, até o início da noite, não houve registros de vítimas, apenas consequências e danos materiais. “Estamos todos em alerta desde as primeiras horas da madrugada. Vivemos aqui em Lagoa Seca um verdadeiro ‘efeito cascata’ da força das águas. A maioria destes mananciais que acabaram se rompendo, foram visitados ainda na semana passada por uma equipe da Defesa Civil e AESA. Nós fizemos levantamentos e em apenas um encontramos riscos pequenos. Imediatamente, seu proprietário realizou alguns serviços de reparos. Infelizmente, o fato que gerou toda essa tragédia, foi mesmo a força das chuvas. A mais de dois dias, chove sem parar em nossa cidade” declarou Lucia de Fátima Luna, coordenadora da Defesa Civil de Lagoa Seca.
Uma das situações mais preocupantes é a de cerca de 50 famílias que vivem na comunidade do Gruta Funda. As fortes chuvas arrastaram um açude existente no local, deixando uma fissura de mais de 150 metros, danificando o único acesso de veículos existente, deixando várias pessoas ilhadas.
A maior preocupação da prefeitura de Lagoa Seca neste momento é dar suporte aos moradores que residem nas áreas afetadas. Para isso, uma verdadeira frente de trabalho foi montada, realizando várias ações e visitas nas comunidades. “Apesar de hoje ser um domingo, estamos trabalhando desde cedo para dar assistência às pessoas. Esta foi à orientação dada pelo prefeito Edvardo Herculano, que no início da manhã, também chegou a realizar algumas visitas nas áreas afetadas. Estamos fazendo levantamentos e trabalhando com garis e máquinas pesadas para auxiliar agricultores e motoristas” comentou Aginaldo Gonçalves, secretário de Infraestrutura e Urbanismo.
Aulas estão suspensas em comunidades afetadas
Preocupado com a situação das comunidades rurais afetadas pelas fortes chuvas, o secretário de Educação, Cultura e Eventos de Lagoa Seca, Iremar Souto Monteiro, informou que já a partir desta segunda-feira estará traçando um plano especial de ação educacional nas unidades de ensino que estão instaladas nestas áreas. “Vamos fazer de tudo para não suspender as aulas, pra evitar prejuízos com o ano letivo, no entanto, algumas unidades estão completamente isoladas, como é o caso da escola do sítio Gravatá do Cumbe. Com o rompimento de alguns açudes, a unidade não tem condição de receber os alunos. Vamos fazer estudos específicos de cada caso e ter cuidado, principalmente com o transporte dos alunos” declarou.
Atualmente uma das situações mais complexas é a da Escola Municipal Frei Dagoberto, localizada na comunidade do Gravatá do Cumbe. Hoje com aproximadamente 80 alunos, as aulas na unidade foram suspensas por que todas as estradas que dão acesso ao educandário estão intransitáveis. “Vamos traçar um plano para que nenhum aluno seja prejudicado. Vamos agir em conjunto, pra que todos os problemas sejam resolvidos, afinal, nossas crianças não podem ficar sem frequentar as salas de aula” completou o secretário.
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