Baden Powell (1937-2000) é um desses gênios da MPB. Violonista talentosíssimo, foi um músico notável e um profícuo compositor. Seu legado mais celebrado é justamente uma bênção para ouvidos: os afrossambas, feitos nos anos 1960, com a nobre parceria de Vinícius de Moraes. Esses mesmos afrossambas inspiraram, este ano, um dos melhores lançamentos de 2009: AfroSambaJazz, editado pela Biscoito Fino.
Por trás das releituras de 16 composições de Baden estão dois músicos bem íntimos da obra do carioca: o mais velho dos dois filhos dele, Philippe Baden Powell, pianista de mão cheia e produtor, e o também violonista e arranjador Mario Adnet, músico experiente e o grande nome por trás de discos soberbos, como Ouro Negro e Jobim Sinfônico.
No encarte do CD – patrocinado pela Natura – Adnet explica que conheceu Philippe através de uma indicação de Paulo Jobim, filho de Tom, que havia trabalhado com o violonista carioca na execução de Jobim Sinfônico. “Rapidamente, ficamos (Mario e Philippe) ‘velhos’ amigos”, relata Adnet.
Na verdade, Mario Adnet já se mostrara um grande fã de Baden, que conheceu até mesmo antes de Moacir Santos (1924-2006), de quem viria ser bastante próximo e a produzir o citado Ouro Negro, mais Choros e Alegrias. “Através do seu violão, conheci a música de muita gente, incluindo Bach, Tom Jobim e Moacir Santos”, escreveu.
Na verdade, quem conhece o universo de Baden e Moacir (o segundo foi professor do primeiro), vai perceber que AfroSambaJazz é resultado do encontro da sonoridade desses dois gigantes da música brasileira. “Foi o maestro (Moacir) quem ensinou a Baden os modos gregos que muito inspiraram a criação dos Afrossambas”, acrescentou Mario Adnet.
Os méritos de AfroSambaJazz são inúmeros. Primeiro, a escolha do repertório é primorosa e abrangente. Estão lá “Canto de Ossanha”, “Canto de Xangô”, “Canto de Yemanjá” e “Lamento de Exu”, todos esses do disco Afro-Sambas (1966), mas também a indispensável “Berimbau”, composições pouco óbvias, como é o caso de “Sermão” e “Pai”, ambas de Baden com Paulo César Pinheiro, e até material inédito, como “Ritmo afro” (parceria de Baden com Philippe), “Canto de Yansan” (Baden e Idásio Tavares) e “Ladainha de Yansan” (feita por Baden e sua mulher, Silvia Powell, mãe de Phillipe e Marcel).
As músicas ganharam um tratamento digno acima da média. Philippe e Mario se revezaram nos arranjos (e também na execução das músicas, o primeiro ao piano e o segundo, ao violão). Adornaram as composições de Baden com uma orquestração de sopros com seção rítmica. A recriação deixou as composições pomposas e intensas, ressaltando as características afro-brasileiras das composições.
Para dar conta do recado, foi escalada a mesma – e excelente – banda que acompanhou o maestro Moacir Santos em Ouro Negro. Basicamente instrumental, só há vozes em dois momentos: Carlos Negreiros recita os lamentos de “Preto Velho”, enquanto a irmã de Mario, Maucha Adnet, e a cantora Mônica Salmaso, entoam, respectivamente, “Canto de Yansan” e “Ladainha de Yansan” na “Suíte Yansan”. Enfim, um disco grandioso pela própria natureza.
Por trás das releituras de 16 composições de Baden estão dois músicos bem íntimos da obra do carioca: o mais velho dos dois filhos dele, Philippe Baden Powell, pianista de mão cheia e produtor, e o também violonista e arranjador Mario Adnet, músico experiente e o grande nome por trás de discos soberbos, como Ouro Negro e Jobim Sinfônico.
No encarte do CD – patrocinado pela Natura – Adnet explica que conheceu Philippe através de uma indicação de Paulo Jobim, filho de Tom, que havia trabalhado com o violonista carioca na execução de Jobim Sinfônico. “Rapidamente, ficamos (Mario e Philippe) ‘velhos’ amigos”, relata Adnet.
Na verdade, Mario Adnet já se mostrara um grande fã de Baden, que conheceu até mesmo antes de Moacir Santos (1924-2006), de quem viria ser bastante próximo e a produzir o citado Ouro Negro, mais Choros e Alegrias. “Através do seu violão, conheci a música de muita gente, incluindo Bach, Tom Jobim e Moacir Santos”, escreveu.
Na verdade, quem conhece o universo de Baden e Moacir (o segundo foi professor do primeiro), vai perceber que AfroSambaJazz é resultado do encontro da sonoridade desses dois gigantes da música brasileira. “Foi o maestro (Moacir) quem ensinou a Baden os modos gregos que muito inspiraram a criação dos Afrossambas”, acrescentou Mario Adnet.
Os méritos de AfroSambaJazz são inúmeros. Primeiro, a escolha do repertório é primorosa e abrangente. Estão lá “Canto de Ossanha”, “Canto de Xangô”, “Canto de Yemanjá” e “Lamento de Exu”, todos esses do disco Afro-Sambas (1966), mas também a indispensável “Berimbau”, composições pouco óbvias, como é o caso de “Sermão” e “Pai”, ambas de Baden com Paulo César Pinheiro, e até material inédito, como “Ritmo afro” (parceria de Baden com Philippe), “Canto de Yansan” (Baden e Idásio Tavares) e “Ladainha de Yansan” (feita por Baden e sua mulher, Silvia Powell, mãe de Phillipe e Marcel).
As músicas ganharam um tratamento digno acima da média. Philippe e Mario se revezaram nos arranjos (e também na execução das músicas, o primeiro ao piano e o segundo, ao violão). Adornaram as composições de Baden com uma orquestração de sopros com seção rítmica. A recriação deixou as composições pomposas e intensas, ressaltando as características afro-brasileiras das composições.
Para dar conta do recado, foi escalada a mesma – e excelente – banda que acompanhou o maestro Moacir Santos em Ouro Negro. Basicamente instrumental, só há vozes em dois momentos: Carlos Negreiros recita os lamentos de “Preto Velho”, enquanto a irmã de Mario, Maucha Adnet, e a cantora Mônica Salmaso, entoam, respectivamente, “Canto de Yansan” e “Ladainha de Yansan” na “Suíte Yansan”. Enfim, um disco grandioso pela própria natureza.
André Cananéa
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