quarta-feira, 13 de abril de 2011

Salete Diniz: arte em madeira que atravessa gerações

Incontestavelmente a qualidade do artesanato paraibano encanta a todos. A riqueza da expressão artística está no ecletismo e na criatividade de suas peças. Utilizando de várias tipologias como o couro, a madeira, o barro e o tecido, os artesãos fabricam peças que remetem aos costumes e tradições da região, como rendas e bordados, boneca, figuras regionais, entre outras. 

Da terra quente e árida da Paraíba germina talentos. Famílias inteiras trabalham com o artesanato, que é transmitido como herança. Os costumes, as crenças e a tradição histórico-cultural determinam a prática dessas atividades, perpetuando-as por gerações.
O que dizer da artesã Salete Diniz, de Lagoa Seca? Das toras da umburana, madeira típica do Semi-árido nordestino, peças de arte se formam nas mãos de Salete. Sua habilidade para fazer surgir, imagens de santos como vida na madeira morta impressiona. Salete é uma dessas artistas que alimentam a religiosidade popular da região. O talento foi herdado de sua mãe a santeira Paulina Diniz. 

O seu esposo, o artesão Martinho Araújo, também usa a madeira para confeccionar réplicas de casas do interior, casas de farinha, engenhos, entre outras obras do universo rural.

Com toda habilidade que lhe é peculiar, das mãos de dona Salete Diniz surgem verdadeiras esculturas que encantam a todos. Das toras da umburana, madeira típica do semi-árido nordestino, moldadas com dedicação e carinho, peças de artes se formam, fazendo surgir, imagens de santos como vida na madeira morta. Salete Diniz é uma dessas artistas que alimentam a religiosidade popular da região, fazendo com que o artesanato de Lagoa Seca se torne um dos mais ricos do Estado, conhecido mundialmente pela arte em madeira.

Trabalhando de forma artesanal há 42 anos, a mulher é uma típica herdeira dos conhecimentos passados de mãe para filha. Sua mãe, a santeira Paulina Diniz, foi uma das artesãs mais talentosas do Estado, e ensinou a arte quando Salete ainda era uma criança.


Em conversa com a reportagem da TV Borborema, dona Salete Diniz conta que desde criança manifestou seus desejo de esculpir em madeira aquilo que sua mãe já fazia: criar as peças de artesanato. Às escondidas, ela pegava a faca da mãe e confeccionava peças de brincadeira. Novinha, aos 15 anos, ela confeccionou uma imagem de São Francisco e percebeu que levava jeito para o ofício de artesã. Naquele dia ela pegou uma tora de madeira e um santo de sua mãe e foi modelar a peça no quintal, debaixo de uma árvore. O resultado foi surpreendente. Quando menos esperava, a madeira havia se transformado num santo em madeira. Quando a mãe viu, a imagem já estava pronta.

Desde aquele dia, a santeira Paulina parou de brigar com a filha. "Mãe gostou. Ficou muito feliz", conta. Uma nova artesã estava nascendo. O tempo passou, Salete cresceu, tomou gosto pela arte e virou uma das maiores artesãs da Paraíba.
O que era apenas uma brincadeira de menina, hoje é o sustento da família. Com todo esse conhecimento na arte sacra Salete Diniz acabou influenciando outras pessoas de sua família, como seu esposo Martinho e seu filho Guilherme, perpetuando assim, a arte da santeira Paulinha Diniz. Até o pequeno Cauã, seu neto, já se interessa pela arte de esculpir em madeira, constituindo, assim, uma verdadeira família de artesãos de primeira linha.

O trabalho da artesã lagoasequense Salete Diniz corre o mundo. Conhecido no exterior, principalmente em países da Europa, uma de suas peças foi parar no Vaticano. É que uma imagem de Nossa Senhora talhada por ela, foi entregue com presente ao Papa João Paulo II, quando de sua última viagem ao Barsil.  

Além de expor seus trabalhos em feiras de artesanato da região, Salete Diniz tornou-se mais conhecida nacionalmente. Em 2008 o Ministério da Cultura editou o livro “Em Nome do Autor”, cuja obra retrata as facetas de milhares de artesãos espalhados por todo país. Como não poderia deixar de ser, pelo seu talento e criatividade, lá está nossa artesã, representante maior da arte em madeira de Lagoa Seca. Na obra Salete Diniz foi a artesã paraibana que teve seu trabalho exposto no livro.

Co-fundadora do Grupo de Artesanato Paulina Diniz que trabalha com a produção de peças e esculturas em madeira suas peças estão expostas e podem ser adquiridas em uma lojinha de artesanato instalada na Manzuá, na localidade Cidade Juracy Palhano, município de Lagoa Seca.

Além de peças esculpidas em madeira a atividade artesanal de Lagoa Seca é rica ainda na produção de bonecas de estopas, entre outros elementos criativos de nossos artistas locais.

Para conhecer um pouco mais dessa trajetória artística, em família, assita ao vídeo, produzido e exibido pela TV Borborema, Canal 9, da cidade de Campina Grande:


Texto: Severino Lopes e Hélder Loureiro

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